Neuza, sempre jovem

Marcus Vinicius Batista Neuza Felício sempre foi um doce comigo. Além da educação de todo dia, ela tinha um assunto a tratar todas as segundas-feiras: minha antiga coluna semanal no Boqnews. Quando era crítica política, ela me alertava: “você ainda vai perder o emprego”. E sorria. Quando era uma crônica convencional, nascia um papo por identificação com o personagem, com o episódio, uma pequena lembrança cotidiana que reforçava nosso vínculo de amizade antes das minhas aulas. Numa segunda-feira, há oito anos, não houve bom dia ou tudo bem. Tampouco o sorriso. As frases vieram secas: “ Não sou velha! Como você pôde me chamar de velha?” Um ou dois segundos para me recompor da lambada auditiva e entender o que se passava. Claro, era o texto publicado no dia anterior. “O tempo é hoje!” dizia exatamente o contrário, que a velhice era uma questão de mentalidade, que poderíamos questionar expressões politicamente corretas, exercícios que mascaravam as mudanças c...